
A entrevista hoje publicada pelo jornal "O Público" ao presidente do IHRU (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana), Vítor Reis, com o título "Sociedade de Reabilitação Urbana do Porto "está condenada à falência", não deixa dúvidas: as polémicas declarações põe em causa o que a CMP, e o seu presidente Rui Rio, afirmam em relação às verbas devidas à Porto Vivo e à intervenção que vem sendo realizada no Centro Histórico, com especial destaque para a operação efectuada no Quarteirão das Cardosas.
Esgrimem-se argumentos e, diga-se, bem contundentes.
A Câmara Municipal do Porto, muitas vezes pela voz do seu presidente, tem afirmado o sucesso da opção realizada, o "efeito multiplicador do investimento público sobre os privados" e avança com números ... por cada Euro investido pelas instituições públicas obteve-se um investimento privado dez vezes superior, que no caso do Quarteirão das Cardosas, é de um para 15, respectivamente e que a dívida do IHRU à Porto Vivo de 2,5 milhões de Euros coloca em causa o seu normal funcionamento.
No nº 36 de Abril 2013 da revista da Câmara Municipal do Porto, Porto Sempre, afirma-se que " o governo tem vindo a combater a Porto Vivo, SRU e, dessa forma, a enfraquecer a reabilitação urbana no Porto", que " o governo pura e simplesmente não paga o que deve" e que assim, a reabilitação urbana no Centro Histórico corre sério risco.
Por seu lado, as objecções levantadas por Vítor Reis são graves. Refere-se à Porto Vivo como uma sociedade "falida", que a operação das Cardosas foi "ruinosa" e que quer "ver clarificado o que aconteceu com as Cardosas". Fala da falta de informação quanto à real situação da sociedade e dos prejuízos que, desde 2007, vem acumulando. Quanto às contas da Porto Vivo, SRU fala de "malabarismos com números" e que o "prejuízo é colossal". Em seu entender o "problema que está a contaminar a parceria" reside no facto de, apesar do IHRU ser detentor de 60% do capital social da Porto Vivo continue a ver recusado o nome por si indicado para o Conselho de Administração.
As posições estão estremadas entre os accionistas da Porto Vivo, SRU.
A Assembleia Geral de Accionistas que hoje se vai realizar não parece ir contribuir para o desbloquear da situação .. a ver vamos!
19 de Abril de 2013
E assim aconteceu !!!
O "Público de hoje titula, na página 14, "Impasse na SRU leva Rio a acusar o governo de ser ofensivo para o Porto". A AGA ontem realizada não aprovou as contas relativas a 2012 (O IHRU votou contra) nem procedeu à nomeação de um novo Conselho de Administração. Para Rui Rio a questão "é do patamar político, o problema não é com o IHRU", é do governo que acusa de estar a ser "ofensivo" para com a cidade ..."quando o governo entende que dar um milhão de Euros por ano é muito, o que podemos dizer?"
Vítor Reis, não deixou de reafirmar a sua posição: resultados que considerou "inacreditáveis" e de "descalabro". As contas da sociedade apresentam prejuízos de 7,1 milhões de Euros (e destes, 5,5, milhões relativos ao Quarteirão das Cardosas) e que "este ano continua a acumular prejuízos" pelo que solicitou que fosse convocada uma nova AG para se proceder à discussão do plano e orçamento da SRU para 2013. Na opinião deste responsável será necessária a "redução de custos de funcionamento e a alteração de muitas das coisas previstas".
Dados recentemente publicados dão conta de que em 2011 existiam na cidade do Porto 3055 prédios a precisar de grandes obras ou num estado muito degradado. Face a este estado de coisas, não há muito espaço para que uma resposta a esta situação seja dada. O que se deseja é que, apesar deste impasse, os investimentos necessários à reabilitação urbana na cidade do Porto e, de forma especial, no Centro Histórico do Porto continuem a acontecer.
Ver nas edições impressas do Jornal "O Público" de 18 de 19 de Janeiro os artigos de Patrícia Carvalho e revista Porto Sempre.
Links:
http://www.publico.pt/local/noticia/instituto-da-reabilitacao-urbano-chumba-contas-da-sociedade-porto-vivo-1591759
http://www.porto.taf.net/dp/node/8867